ISSN 2965-7849 On-line
ISSN 1678-5304 Impresso (até 2023)
v. 2 n. 46 (2023): Cadernos para o Professor
Em 2023, a revista Cadernos para o Professor comemora três décadas de publicação ininterrupta. É com essa alegria que a Secretaria de Educação (SE) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), por meio da Subsecretaria de Articulação das Políticas Educacionais (SSAPE) e do Departamento de Planejamento Pedagógico e de Formação (DPPF), apresenta esta edição comemorativa.
Ao longo desses 30 anos, a revista fomentou a produção científica e pedagógica relacionada à Educação Básica. Inicialmente, trouxe contribuições dos profissionais da Rede Municipal de Ensino de Juiz de Fora e, com o passar dos anos, ampliou o seu espaço para autores de outras redes de ensino, universidades e acadêmicos de renome na Educação.
Em cada edição sempre esteve presente o compromisso com a divulgação de artigos e relatos relevantes, possibilitando o debate, a troca de experiência e a discussão entre docentes e demais profissionais da educação. Ressalta-se que grande parte desses textos são resultados de pesquisas, ações formativas e projetos didáticos realizados nas escolas da Rede Municipal de Ensino.
Nessa perspectiva, esta edição comemorativa traz textos de autores e autoras convidados, assim como de professores que, a partir de suas ações docentes, trazem reflexões sobre os desafios da educação na atualidade.
O texto de abertura traz uma entrevista com o notável e saudoso professor Murílio Hingel, realizada em 12 de dezembro de 2020. No diálogo, o qual inaugurou as entrevistas com ex-secretários da educação de Juiz de Fora, no projeto “Memórias Dispersas”, Murílio Hingel, que também exerceu os cargos de Secretário de Educação do estado de Minas Gerais e de Ministro da Educação, falou sobre vida e trabalho, história local e do Brasil, dentre outros temas de grande relevância no campo educacional.
O primeiro artigo, “Cadernos para o professor: há 30 anos espaço de leitura e escrita na e para a formação continuada de professores”, dedica-se a contextualizar o percurso histórico da revista desde sua origem. Além disso, apresenta considerações sobre sua contribuição para a valorização do profissional da educação básica e da formação continuada, assim como para a divulgação científica.
O artigo intitulado “O curso leitura e escrita na educação infantil está na rede: os percursos de uma política de formação de professoras” apresenta o curso Leitura e Escrita na Educação Infantil (LEEI) e os desdobramentos dessa importante política de formação para Secretaria de Educação de Juiz de Fora Ano XXX Nº 46 - 2023 as profissionais das creches parceiras e escolas municipais de Juiz de Fora.
Refletindo sobre os desafios da educação para a docência com bebês, o artigo “Docência com bebês: desafios para a pedagogia” discorre sobre a abrangência e complexidade dessa temática. Apresenta reflexões sobre as práticas de cuidado e educação, sobre a relação entre a família e a escola e sobre as formações, inicial e continuada, das professoras.
Ao abordar “Os desafios para a educação no e para o município de Juiz de Fora nas relações étnico-raciais”, a autora parte das experiências da Supervisão de Atenção à Educação na Diversidade (SE/DIAE/SAEDI) do município de Juiz de Fora - MG, propicia um breve histórico sobre a evolução da formação voltada para a temática racial na rede municipal de ensino e evidencia os esforços da rede em formar sua equipe pedagógica no sentido de promover uma educação antirracista e pluriversal.
Em “Eu tive que viajar para vários países para chegar ao Brasil: enunciações sobre movimentos infantis e espacializações do viver”, os autores constatam que nos estudos migratórios, há um grande déficit de pesquisas sobre a inserção de crianças nos fenômenos globais de migração, tanto no Brasil quanto no mundo. Nesse contexto, o presente artigo discorre sobre as dinâmicas de chegada das crianças migrantes venezuelanas na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
O artigo “A educação estética e seus hibridismos, aproximações possíveis entre Georg Lukács e Homi Bhabha” discute o entendimento de uma educação estética a partir do conceito de entre-lugar, mediante apontamentos conceituais que tenham por meta a educação emancipadora e, por conseguinte, o desenvolvimento humano.
Em “Aritmética e Álgebra no primeiro ano do Ensino Fundamental: investigações matemáticas em atividades com coleções”, a autora problematiza a suposta exigência de ter que ensinar aritmética antes da álgebra, baseada na crença de que os estudantes precisam de uma maturação abstrata para compreender a álgebra. Para tanto, faz-se uma reflexão teórica fundamentada nos estudos de Lins e Gimenez (1997), que defendem a ideia de um ensino de álgebra desenvolvido juntamente com o ensino da aritmética e vice-versa. Ao perseguir esse viés teórico, o texto descreve uma atividade com investigações matemáticas em que esses dois campos estão imbricados, revelando o entrelaçamento entre uma produção matemática e uma produção de afetos.
O artigo “Entre ‘Morosidade’ e ‘Dispêndio’: reflexões sobre o processo de instalação da Escola Normal em Juiz de Fora” é um recorte de dissertação de mestrado que aborda questões referentes à tentativa de consolidação da instituição na cidade. A partir de pesquisas em diversos arquivos foi possível refletir acerca das diferentes perspectivas dos sujeitos envolvidos nesse processo.
“Literatura no Ensino Médio Técnico: ressignificando as práticas de leitura e de Produção Textual” tem como objetivo promover reflexões sobre a experiência de uma professora de Literatura durante a dinamização do projeto de Estágio Supervisionado em Letras. Os resultados obtidos sugerem uma contribuição expressiva com as competências de leitura e de escrita da turma, que demonstrava ter pouca familiaridade com o exercício dessas habilidades no espaço da sala de aula.
O artigo “Representações sociais de docentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental acerca da avaliação em Matemática” apresenta análises referentes à compreensão e à discussão sobre o significado, o sentido e os instrumentos utilizados por um grupo de professores do município, na avaliação dos estudantes dos anos iniciais.
Em “O encontro do passado e do presente no ensino do tema da escravidão juizforana: diálogo com professores municipais de história” busca-se compreender como professores de História de Juiz de Fora entendem e abordam a história da escravidão ocorrida na região como tema em suas atividades docentes. A partir das teorias decoloniais e pós-coloniais, buscou-se também investigar a história da escravidão, evidenciando esse fato como um crime contra a humanidade.
Fundamentado nos estudos de cibercultura e na perspectiva histórico-cultural, o artigo “Vivências na cibercultura por adolescentes: pesquisa com estudantes da Rede Municipal de Ensino de Juiz de Fora” parte da questão - Como os adolescentes constituem suas vivências nas tecnologias digitais? Através dessa investigação, o autor busca compreender de que modo esses sujeitos potencializam seu desenvolvimento na apropriação de instrumentos e signos culturais, em meio às redes sociotécnicas da atualidade.
“Saberes docentes: diálogos sobre cidadania e trabalho na EJA” aborda os desafios da Educação de Jovens e Adultos e o papel dos professores na garantia das aprendizagens e na permanência dos estudantes. Nesta perspectiva, o relato apresenta o resultado de uma intervenção pedagógica junto a professores da Educação de Jovens e Adultos do Colégio Municipal São José, no município de Santo Dumont, em Minas Gerais.
O artigo “Desafios da educação no e para o município em relação ao Ensino Colaborativo” traz reflexões pertinentes quanto ao compromisso da Rede Municipal de Ensino de Juiz de Fora com a Educação Especial em uma perspectiva inclusiva. Além disso, o texto discorre sobre a garantia do suporte de mais um professor nas turmas de estudantes que tenham comprovada necessidade desse serviço, seguindo os preceitos estabelecidos nos documentos federais que orientam a oferta do serviço do Profissional de Apoio.
“Práticas de leitura e linguagem escrita na Educação Infantil” discute de que forma os professores da Educação Infantil podem ampliar as experiências das crianças da pré-escola com a leitura e a linguagem escrita. As concepções que embasam este trabalho estão baseadas na teoria histórico-cultural e possibilitam compreender que a criança aprende através das interações com o outro e por meio de brincadeiras. Busca-se ampliar o olhar dos professores para esse trabalho, levando em conta que as práticas de leitura e linguagem escrita precisam fazer sentido para as crianças e estar incluídas na rotina diária dos professores.
O relato “Tessituras de um grupo de pesquisa: possibilidades e desafios na formação em licenciatura” objetiva apresentar as contribuições do grupo de pesquisa Linguagem, Infâncias e Educação (LINFE) na formação em licenciatura em Letras – Português, refletindo sobre como as escolhas teóricas e metodológicas desse grupo vêm contribuindo com um aporte para o exercício inicial da docência.
“Na diversidade é que construímos a igualdade: acessibilidade e deficiência visual” é um relato de experiência sobre as ações realizadas pelo Núcleo de Acessibilidade de Deficiência Visual do Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE) Oeste-Sudeste, durante o ano letivo de 2022.
“História das Políticas de Educação Especial na Rede Municipal de Ensino de Juiz de Fora: percursos (ou transcursos) espaços-temporais”, traz o relato de uma pesquisadora que busca um resgate histórico sobre a memória da Educação Especial na Rede Municipal, com base nas narrativas dos sujeitos que gestaram as propostas.
“Retorno presencial e a covid-19: continuidades e rupturas nas aulas de História” expõe os dados de uma pesquisa realizada em uma escola de ensino médio da cidade de Caucaia, no Ceará. A investigação buscou observar as consequências das aulas remotas na disciplina de história durante a pandemia da COVID-19, assim como o que estava subjacente ao papel das tecnologias no retorno presencial.
Agradecemos a todos os autores e autoras por sua contribuição e esperamos que esta edição da revista possibilite a reflexão, a discussão e a troca de experiências, visando à construção de uma educação inclusiva e de qualidade.